sábado, 30 de janeiro de 2016

Momentos de Depressão [E.28]

Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?
Subitamente cinquenta atmosferas desabaram sobre 
mim, e não sei para onde fugir, nem tenho vontade
de viver. Onde estás Senhor?
Arrastado como um miserável para um baldio agreste,
só sombras me rodeiam. Como escapar?
Piedade, meu Deus.

Pobre anjo sem asas! Abandonado em caminhos
esquecidos e cobertos de nevoeiro! Onde estou?
Sinto-me no fundo do mar e não consigo respirar.
Onde se escondeu a luz? Brilha ainda o sol?

Pior que o vazio e o nada, que será isto?
Simplesmente o horror de sentir-me homem. 
Meu Deus, porque não me apagas da lista dos vivos?

Como uma cidade sitiada, cercam-me, apertam-me e 
afogam-me a angústia, a tristeza, a amargura e a
agonia. Como se chama isto? Náusea? Tédio de viver?
A desolação estende as suas asas cinzentas de horizonte
a horizonte. Onde está a porta de saída? Mas haverá saída?
Tu, só Tu és a minha saída, meu Deus.

Não me esqueço, Jesus, Filho de Deus e Servo do Pai
que lá em Getsémani, sob o sussurro das oliveiras e
à luz da lua, o tédio e a agonia Te esmagaram até
verteres lágrimas e sangue: recordo que uma profunda
tristeza de morte inundou o Teu íntimo como um mar
de amargura. Porém, tudo passou.

Eu sei também que a minha noite passará. Sei que rasgarás
estas trevas, meu Deus, e que amanhã raiará a consolação.
Desabarão as grossas muralhas e de novo poderei respirar.
Amanhã mesmo, a minha pobre alma será visitada por Ti e 
voltarei a viver.

E direi: obrigado meu Deus, porque foi tudo um pesadelo;
só o pesadelo de uma noite que já passou. Entretanto, dá-me
paciência e esperança. E faça-se a Tua vontade, meu Deus.
Ámen.

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